A mastite bovina, uma inflamação das glândulas mamárias causada por bactérias como Staphylococcus spp. e Escherichia coli, é uma das principais enfermidades que afetam o rebanho leiteiro em todo o mundo. Essa condição compromete a qualidade e a quantidade do leite produzido, eleva os custos com tratamentos e pode levar até mesmo ao descarte de animais. Tradicionalmente, o tratamento é realizado com o uso de antibióticos; no entanto, o uso excessivo desses medicamentos tem contribuído para a resistência bacteriana e para a presença de resíduos no leite, o que levanta sérias preocupações quanto à saúde pública.
Diante desse cenário, cresce o interesse por alternativas terapêuticas mais seguras e sustentáveis, como os fitoterápicos e óleos essenciais. A etnoveterinária, campo que estuda o uso tradicional de plantas medicinais na saúde animal, tem ganhado destaque na busca por soluções naturais. Produtos como carvacrol, timol e eugenol, compostos presentes em óleos essenciais, são apontados como promissores devido às propriedades antimicrobianas, antifúngicas, anti-inflamatórias e antioxidantes.
Nesta vertente, a doutoranda Carla Aparecida Silva Lima, do Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal, da UNIC/MT, sob orientação do Prof. Dr. Ricardo César Tavares Carvalho, desenvolveu uma revisão sistemática da literatura com meta-análise para avaliar a eficácia de óleos essenciais no combate à mastite bovina. O estudo comparou a sensibilidade de cepas de Staphylococcus spp. e Escherichia coli isoladas de leite mastítico à ação dos óleos essenciais, em relação aos antibióticos convencionais. Os resultados demonstraram que, embora os microrganismos apresentem maior sensibilidade a aminoglicosídeos, determinados óleos, como os de Thymus capitatus (tomilho) e Trachyspermum ammi (ajowan), mostraram eficácia semelhante às classes de antibióticos das fluoroquinolonas, tetraciclinas e beta-lactâmicos.
Também foram observadas respostas promissoras dos óleos de Eucalyptus spp. (eucalipto), Thymus spp. (tomilho) e Origanum vulgare (orégano) contra cepas de E. coli. Tais evidências reforçam o potencial terapêutico dos óleos essenciais como alternativas viáveis ao uso exclusivo de antibióticos, com a vantagem de menor risco de induzir resistência bacteriana.
Apesar dos resultados positivos, os autores do estudo destacam a importância de mais pesquisas in vivo para validar a segurança e a eficácia desses compostos naturais; e apontam a necessidade de explorar possíveis sinergias entre óleos essenciais e antibióticos já utilizados, promovendo alternativas terapêuticas mais eficazes e sustentáveis para o tratamento da mastite bovina.
Para saber mais sobre a pesquisa na íntegra, acesse o Repositório Institucional: https://repositorio.pgsscogna.com.br/handle/123456789/70434
Para saber mais sobre o Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal, acesse: https://pgsscogna.com.br/biociencia-animal/ ou fale com a coordenação via e-mail ricardo.ct.carvalho@cogna.com.br