O letramento vai além da alfabetização e se manifesta em diferentes contextos sociais e profissionais. Envolve a capacidade de compreender e utilizar diversas linguagens, incluindo a oral, escrita, visual e a sonora, além de integrar recursos tecnológicos e computacionais. Dentro dessa perspectiva, o multiletramento surge como abordagem essencial para preparar os jovens para complexidade do mundo contemporâneo, permitindo que transitem com autonomia por diferentes espaços e situações.
Diante desse contexto, pesquisa desenvolvida pela mestranda Elizabeth Keli Brilhadori, sob orientação Profa. Dra. Ana Graciela Mendes Fernandes da Fonseca Voltolini e coorientação do Prof. Dr. Rosemar Eurico Coenga, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino, da Universidade de Cuiabá/MT, teve como objetivo investigar a compreensão e interpretação de gráficos estatísticos por alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Cuiabá, MT. O estudo analisou as reflexões dos alunos durante oficinas sobre a leitura de gráficos, visando identificar lacunas no ensino da leitura e interpretação de gráficos na disciplina de Língua Portuguesa; e refletir sobre a importância desse tipo de leitura para a formação cidadã.
A metodologia adotada foi a pesquisa-ação, permitindo uma abordagem dinâmica e interativa. Além da coleta de dados, foram realizadas oficinas presenciais. O estudo contou com a participação de alunos entre 15 e 17 anos, sendo que 45,5% sempre estudaram em escolas públicas, 34,5% migraram da rede privada para a pública durante o Ensino Fundamental e 20% fizeram essa transição apenas no Ensino Médio. Esses dados ajudaram a compreender as experiências educacionais prévias dos estudantes e seu impacto na leitura e interpretação de gráficos (Figura 1).
Figura 1 – Gráfico sobre a qualidade de leitura

Durante as oficinas, os alunos foram incentivados a refletir sobre o uso dos gráficos como gêneros multimodais presentes no cotidiano. Em um dos encontros, foi apresentada a obra Como Mentir com Estatística, de Darrell Huff, gerando discussões sobre a manipulação de dados e a importância da leitura crítica dessas informações. Cada sessão abordou diferentes aspectos dos gráficos, relacionando-os não apenas à Matemática e à Geografia, mas também à Língua Portuguesa, ressaltando a importância da leitura e interpretação textual nesse formato.
Os resultados indicaram que muitos alunos apresentavam dificuldades na leitura e interpretação de gráficos, uma vez que esse recurso é pouco explorado em sala de aula de forma aprofundada. No entanto, a inserção sistemática de atividades envolvendo gráficos permitiu avanços significativos na compreensão dos alunos, tornando-os mais atentos à intencionalidade dos textos visuais e mais críticos diante das informações apresentadas.
A pesquisa conclui que o trabalho com gráficos em sala de aula contribui significativamente para a ampliação do letramento dos estudantes, promovendo habilidades de análise, reflexão e leitura crítica. Dessa forma, reforça-se a necessidade de incluir essa abordagem de forma mais estruturada no ensino de Língua Portuguesa, favorecendo o desenvolvimento de um letramento mais amplo e conectado à realidade dos alunos.
Para mais informações, acesse a pesquisa na íntegra no Repositório Institucional: https://repositorio.pgsscogna.com.br/handle/123456789/67551
Saiba mais sobre o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino: https://pgsscogna.com.br/ensino/ ou fale com a Coordenação via e-mail ana.voltolini@cogna.com.br